O que é Liderança Autêntica?
Hoje se sabe que preservar a saúde mental trazendo práticas mais humanas e positivas para dentro do mundo dos negócios é essencial. Não somente por motivos econômicos, como aumento de produtividade, redução dos níveis de absenteísmo e turnover, melhora na atração de talentos e employer branding, como pelo próprio significado que isso tem quando pensamos em responsabilidade social. Como pensar em responsabilidade social fora da empresa se isso não for uma questão dentro dela?
Uma das correntes de liderança mais recentes dentro dos novos paradigmas de desenvolvimento organizacional é a Liderança Autêntica, que tem grande ligação com a Psicologia Positiva e pode (e deve!) ser incentivada, aprendida e desenvolvida — e seus resultados não são para serem ignorados.
Com ela, é possível atingir altos níveis de equilíbrio entre motivação, qualidade de serviço, produtividade e redução da tensão e estresse no ambiente de trabalho. Segundo dados da revista Entrepreneur, pessoas consideradas inautênticas — ou lideradas por pessoas consideradas inautênticas — são 20% mais acometidas por burnout do que aquelas que se sentem ou oferecem um ambiente mais confortável e autêntico ao seu redor.
Não resta dúvida que este é um bom modelo para seguirmos. Mas antes de falar apenas sobre as vantagens dele, é preciso que você saiba exatamente por que você deve transformar sua abordagem de trabalho.
Psicologia positiva
Até bem pouco tempo atrás, o mundo empresarial era considerado um mundo “cão come cão”. A desumanização da pessoa não era apenas algo “natural” nessa fatia do mercado, mas também estimulado e desejável.
Quem não se lembra do filme Wall Street: Poder e Cobiça, com o protagonista interpretado por Michael Douglas bradando que “Ganância é boa”? Ou dos excessos de Leonardo DiCaprio interpretando um alto executivo em O Lobo de Wall Street?
A verdade é que não se demorou a descobrir que esse estilo de liderança não é apenas nocivo à pessoa, como também ao próprio mercado. Um dos exemplos mais notórios da falta de positividade na relação do trabalho e do mercado é o desastre ético da Enron, que maquiava os relatórios financeiros da empresa para fazer parecer aos acionistas que a companhia estava em melhor situação do que a realidade.
O escândalo provocado pelas práticas da Enron faliram a empresa. E ficou a pergunta: Que tipo de ambiente profissional é esse que faz com que executivos entendam que mentir e fraudar seja a melhor (ou a única!) opção?
Foi no meio desse questionamento que durante a década de 2000 a Psicologia Positiva foi desenvolvida. O entendimento é que é necessário encontrar maneiras de fortalecer a saúde mental dos indivíduos e provendo-os condições de obterem insights e desenvolverem práticas de trabalho sustentáveis, saudáveis e transformadoras, evitando assim o aparecimento de doenças mentais ou o enfraquecimento do bem-estar do indivíduo.
À esteira dessa ideia, surgiram várias abordagens que procuram trazer mais valores e humanidade às práticas empresariais. Entre as duas principais estão a psicologia organizacional positiva e o capital psicológico positivo, uma espécie de psicologia positiva aplicada ao ambiente corporativo, digamos assim.
O efeito da positivação na hora de pensar o trabalho rende frutos, inquestionavelmente. Segundo os pesquisadores Kim Cameron e Jon McNaughtan, setores do mercado que adotaram práticas positivas trabalham mais, com mais qualidade, retém mais funcionários e obtêm mais lucros.
Portanto, adotar práticas positivas é se alinhar com o que há de mais proveitoso no mercado, atualmente. Mas… onde entra o fator liderança nisso tudo?
Um líder de verdade
Líderes autênticos compõem-se de três coisas: são genuínos, são perceptivos e são transparentes. Essas três qualidades, por sua vez, produzem dois efeitos: lealdade e confiança por parte dos colaboradores.
Para que isso aconteça, é necessário que o líder se conheça, que saiba quem ele é, de maneira que ele possa instrumentalizar valores dentro do campo de trabalho e escreva a sua carreira com “as suas próprias tintas”, por assim dizer. Aliás, a própria palavra “autenticidade” vem da mesma raiz grega da palavra “autor”.
Indivíduos que aspiram à liderança autêntica têm quatro desafios para poderem implementar a ideia em suas próprias vidas:
- Devem estimular a percepção de si mesmos;
- Devem alinhar seus desafios às missões que lhe são oferecidas;
- Têm um engajamento emocional e humano com seus liderados;
- Precisam ter em mente que o melhor resultado é o consistente.
Líderes autênticos, de acordo com os pesquisadores Bruce Avolio e Fred Luthans, são inclusive mais éticos e estimulam a autenticidade também dos seus liderados, o que causa efeitos tanto dentro das empresas como fora delas, em toda a comunidade envolvida.
Num mundo hiperconectado e tão propenso a excessos, ter um líder que é humano e estimula a humanidade e a emoção genuína (direcionada da forma certa) numa equipe é um luxo que não se deve ignorar. É preciso que se entenda que a conexão, a confiança e a lealdade valerão ouro daqui para frente — e esses privilégios só serão concedidos a quem os merece de verdade e trabalha para isso.
Que tal ter esse privilégio?