BOP: Body of Pain
O termo Body of Pain ou Corpo de Dor pode ser conhecido por alguns e totalmente desconhecido por muitos, mas, querendo ou não, todos nós convivemos com um! Eu disse TODOS nós. A primeira vez que ouvi esse termo foi lendo o livro “O Despertar de Uma Nova Consciência” (Eckhart Tolle). No retiro de treinamento para professora Naam Yoga que fiz no México, foi pedido que todos os alunos lessem a newsletter sobre o BOP escrito pelo Dr. Levry, que pode ser encontrado no site:
http://www.rootlight.com/library/harmonyum_and_body_of_pain.htm
O BOP é algo subjetivo, meio difícil de ser explicado em poucas palavras, mas… vou tentar! É como se fosse uma memória psicológica, onde todas as nossas experiências de vida ficam armazenadas. Sempre que ocorre uma nova experiência, é como se nosso BOP percorresse essa memória em busca de dados para lidarmos com a situação, tudo isso de maneira que, para nós, é inconsciente. Assim, se uma pessoa teve, por exemplo, um pai que abandonou a família, toda vez que passa por situações nos seus relacionamentos amorosos que possam, de alguma forma, se assemelhar ao que viu acontecer entre seus pais, associa com a experiência passada e reage de acordo com todo o sofrimento que passou. No entanto, isso significa que a pessoa não está vendo a situação atual com clareza e agindo de acordo com ela e com as pessoas envolvidas, mas sim usando pessoas e experiências do passado para “julgar” e reagir. Claro, tudo isso causa dor (por isso o nome body of pain ou corpo de dor). É como se o corpo se viciasse nessas memórias e nas sensações que elas trazem, já que elas são familiares e o corpo tende a buscar o que lhe é familiar. O BOP impede que a gente atinja nosso verdadeiro potencial, tanto nos relacionamentos amorosos como na vida profissional e espiritual, entre outras coisas. Se crescemos num ambiente com restrições financeiras, a tendência é crescermos acreditando que isso é normal e que é a única forma de vida. Assim, toda vez que existe uma chance disso mudar, o BOP pode boicotar a situação, trazendo insegurança, sentimentos de restrição, de incapacidade, medo de que logo venha um revés financeiro, de alguém vá te passar a perna… Como já sabemos, esses sentimentos e pensamentos acabam liderando nossas ações e criando à nossa volta essa vibração de escassez.
É o BOP que faz você achar que está sendo traído, sem nenhuma evidência, só porque já foi traído no passado. E, além de achar que está sendo traído, armar a maior situação e ficar parecendo um ser irracional. É ele que faz com que alguém que tenta parar de fumar, de beber, de usar drogas, de abusar do sexo ou da comida tenha recaídas, simplesmente porque não sabe como lidar com o “novo eu”. Essas mudanças fazem com que diversos relacionamentos ao redor da pessoa mudem e ela tenha que aprender a lidar com o novo. O BOP é comodista, ele não quer isso. Assim, é mais fácil a pessoa continuar como está, mesmo sofrendo, pois pelo menos é uma dor conhecida. Parece doido, e é. Mas quem aqui nunca passou por isso? Podem ser mudanças mais simples, como acordar mais cedo para meditar.
Meu BOP tem me dado muita dor de cabeça. No retiro, eu tive um encontro com o Dr. Levry, fundador da Naam Yoga, onde falei para ele diversas coisas que me incomodavam e ele me deu uma “receita”. Porém, ao invés de remédios, foram meditações. Uma lista delas: uma hora de manhã, meia hora à noite. E ele terminou: “e só, ela não gosta que a digam o que fazer”. Eu não pude evitar a risada, porque eu realmente odeio que me digam o que fazer. Não é nada fácil mudar a rotina para acomodar uma hora e meia de meditação TODOS os dias. O meu BOP chora, esperneia, faz greve… tenta de tudo para me fazer desistir. Mas eu quero mudar. Talvez eu não aparente, mas sou uma verdadeira revolução ambulante. Minha mente é um turbilhão que não pára nunca e eu preciso direcionar essa energia para os exercícios ou para o blog, senão posso me tornar uma pessoa bastante impaciente e estressada. Cheguei num ponto em que não quero mais isso para mim e, se o preço a pagar é fazer uma hora e meia de meditação por dia, eu vou fazer. Mas, repetindo, o BOP esperneia, grita e se revolta. Minha vontade é acordar mais tarde e falar que meu dia a dia é muito corrido e que “não deu”, simplesmente “não deu para meditar tudo isso”. Agora, não fiz todo esse curso à toa, né? Consigo entender que é só meu BOP querendo permanecer no conhecido, no cômodo. Antes de viajar, li uma frase que está sendo usada como um mantra para mim, todos os dias: “A mudança acontece quando a dor de permanecer como está é maior que a dor da mudança”. É isso mesmo, o BOP vai continuar chorando, porque quem manda aqui sou eu e não ele rsrsrsrsr….
Só para ninguém se desesperar, apesar de todos nós termos o Corpo de Dor, quer ele seja mais ou menos ativo, o simples fato de termos consciência disso já é meio caminho andado para minimizar as influências negativas que ele pode ter nas nossas vidas. A espiritualidade e a meditação (ou qualquer oração, para quem ainda não medita), praticar NAAM, o poder da palavra, das boas vibrações… tudo isso alivia esse efeitos. Preparados? Sat Nam!
Daniela Fernandes Dias
16 de agosto de 2013 @ 23:28
Ai Helô, suas palavras me deixam com ainda mais vontade de entrar nesse mundo de calma, de autocontrole, de olhar pra si… Tenho tantos problemas interiores, queria saber o que fazer com eles. Muito, muito obrigada pelas suas orientações, você é um grande exemplo! Um beijo cheio de carinho.