O parto
Minha pequena nasceu. É como se eu tivesse esperado a vida toda por ela… veio completar a família, minha vida, meu coração!!! Ainda não consigo ter a dimensão do tamanho do milagre que é uma nova vida sendo gerada dentro de mim. De duas pessoas que se amam, de apenas duas células microscópicas, vai se desenvolvendo um SER! Meu Deus… é de uma grandiosidade que não cabe em palavras. Nunca vou poder expressar o tamanho da minha gratidão a Deus por esse milagre.
Durante os 9 meses de gravidez, li muito sobre parto e até falei disso algumas vezes aqui. Queria muito que fosse parto normal, conversei com doulas, fiz yoga para gestantes, pilates, li diversos livros, vi documentários, meditei… Procurei diversas opiniões, li muito sobre o parto humanizado, natural, enfim, me cerquei de toda informação que julguei necessária. Acredito que o parto seja um momento de transição super importante e que o parto normal envolva mais a mãe nesse processo de transformação, além de trazer benefícios para a saúde do bebê e a própria recuperação da mãe. Não é minha intenção me alongar nesse discurso dos benefícios de um ou outro tipo de parto. Minha intenção é contar minha história e o meu aprendizado nisso tudo.
Desde que engravidei, lembro de uma amiga dizer: “Helô, tudo que você imagina que vai acontecer… vai acontecer ao contrário, só para você ver que não está no controle de nada”. E lembrei disso diversas vezes durante a gravidez e principalmente chegando perto do parto em si. Apesar de toda a minha preparação, cheguei a praticamente 41 semanas de gestação e nada de entrar em trabalho de parto. Nada de contração, nada de dilatação, não estourou a bolsa, colo do útero fechado… E após as 40 semanas a gravidez tem que ser monitorada bem mais de perto, com exames a cada dois dias, porque aumentam diversos riscos como perda de líquido amniótico e redução da troca de nutrientes entre mãe e bebê através da placenta, ou seja, redução do aporte de nutrientes essenciais ao bebê. Pessoalmente, já vi casos em que a mãe passou sem problemas das 40 semanas, assim como já vi o contrário. Minha gravidez foi tratada como de risco, apesar de ter transcorrido tudo maravilhosamente bem, devido à possibilidade de talvez ser minha única chance de ter filhos (lembrando, os exames que fiz antes de engravidar apontavam que eu não tinha mais óvulos). Por isso, optamos por não arriscar: meu parto foi cesárea. Confiei no meu médico, que sempre foi maravilhoso comigo, extremamente humano. Aliás, foi graças a ele que engravidei sem tratamento e tão rápido, porque mais de 5 outros médicos disseram que isso seria impossível – só ele nos encorajou a tentar. Porém, desde o começo ele avisou que essa era a única condição dele (não esperar mais de 40 semanas – e ainda esperou um pouco mais). A conduta dos médicos no Brasil a esse respeito é dividida, alguns esperam mais, outros não.
O “engraçado” é que desde o início eu estava preparada para fazer uma cesárea se fosse necessário, mas não estava preparada para não entrar em trabalho de parto. Eu queria MUITO ter sentido a emoção de um sinal de que estava na hora dela nascer: uma bolsa que estourasse, uma contração… Essa foi minha maior frustração. Mas o mais interessante, o que eu quero contar aqui, é que quando decidi fazer a cesárea me peguei querendo justificar minha decisão para todo mundo, especialmente as mais defensoras do parto natural e humanizado – e para mim mesma. Mas pensei muito em tudo isso durante a gestação: humanizado não quer dizer respeitando as vontades e decisões da mãe? Não quer dizer a mulher ser a protagonista do próprio parto? Se eu li a respeito, escolhi o médico, escolhi ter o bebê no hospital e não em casa… foi tudo muito consciente. E, no final, minha vontade foi respeitada, eu tomei a decisão em conjunto com o Marcelo. Fui tratada com o maior respeito e carinho tanto pelo meu médico como por toda a equipe do Hospital (tive no Hospital dos Fornecedores de Cana, em Piracicaba). Sobretudo, minha filha nasceu bem, com saúde. Durante a recuperação da anestesia, quando ficamos numa sala ainda longe dos nossos familiares, ela ficou comigo 100% do tempo, pele a pele, no meu peito, por praticamente 4 horas. E ficamos no mesmo quarto durante os 2 dias no hospital – eu amei! Aprendi a dar banho, recebi várias dicas no cuidado com o bebê e também de amamentação (o Hospital dos Fornecedores tem um Banco de Leite excelente, super respeitado, e todas as enfermeiras da maternidade são obstetrizes). Quando recebi alta, me senti muito mais preparada (apesar de ter sentido um medo danado algumas vezes e até um pânico, que vou comentar no próximo post!).
Descobri ao longo do processo, mais uma vez, que não temos o controle que pensamos ter sobre quase nada. Esse é um tema muito recorrente para mim. Também aprendi que por mais que pensemos que estamos preparados, podemos simplesmente não estar – e não tem nada errado com isso. Aprendi que devemos ser mais flexíveis e também mais seguros das nossas próprias decisões, o que só vai acontecer se nos conhecermos bem e estivermos conectados com o nosso coração. Devemos falar e seguir a nossa verdade e de mais ninguém. Se fizermos isso e comunicarmos com respeito e carinho, todo mundo vai entender. Quem não entender… bem, na verdade o problema é da pessoa e não seu. Aprendi a ver que sim, o momento do parto é importante – mas é um dos momentos importantes e não o único. Antes dele existem 9 meses de gravidez e depois dele, uma vida toda. Tudo isso tem que ser humanizado e cada mulher tem que se sentir “empoderada” para tomar as decisões a respeito da sua família não só na hora do parto, mas para a vida. Ou seja, não devemos lutar apenas por partos humanizados, mas por relações humanizadas, sempre! Onde todas as partes devem ser respeitadas, ouvidas e estarem fortes e conscientes o suficiente para tomarem suas decisões. Durante a gravidez, percebi que estava tão preocupada em pensar como seria o parto (sendo que, de novo, isso não está sob nosso controle 100%) que não estava curtindo o melhor momento da minha vida! E cheguei à conclusão que não deveria ser assim. Por isso deixei nas mãos de Deus: fiz minha parte, fiz tudo o que estava ao meu alcance para ter um parto normal. Se não foi assim, não era para ter sido.
Para terminar, quero agradecer mais uma vez algumas pessoas que foram essenciais nesse processo de aprendizado e fundamentais para o nascimento da Mariana: o Dr. Ernesto, que nos encorajou desde o princípio e acompanhou os 9 meses com todo o carinho do mundo; a Ana Lúcia Pavão, o José Coral e toda a equipe do Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba, que tiveram um cuidado enorme conosco (e pude perceber que tem com todos que recebem tratamento lá). Também quero agradecer o carinho de todas as pessoas que me cercam, que torcem por mim (por nós), que mandaram boas energias, que fizeram visitas, mandaram mensagens… Nunca poderei agradecer essa energia maravilhosa que sinto de todos os lados! E também as pessoas que cresceram comigo nesse processo todo – vocês sabem quem são 😉
Nossa família é muito mais completa agora! Minha pequena, meu pequeno enorme milagre, você chegou para alegrar e dar mais sentido às nossas vidas. Você foi tão, tão, tão desejada! E ja é infinitamente amada por todos nós. Você é luz, é vida, é sonho transformado em realidade… é tudo! Já não consigo imaginar nossas vidas sem você… Seja bem vinda, meu amor!
Namastê! Muita paz, luz e amor na vida da minha Nininha! Vivo por ela!!!
Marilia
8 de dezembro de 2014 @ 18:32
Texto lindo, importante e emocionante Helô!!! Parabéns!!! Bjs em você e na pequeNINA!
CLAUDIA MARIA
8 de dezembro de 2014 @ 23:28
Parabéns Heloisa Orsolini, você é prova viva de que para Deus não existe o impossível!
Que suas alegrias aumentem a cada dia ao lado de sua familia.
Grande abraço mulher guerreira, mulher mãe, mulher esposa.
Cintia A.S. Sevaux
9 de dezembro de 2014 @ 00:47
Olá Helô!! Que lindo, emocionante e verdadeiro seu relato !!!Parabéns pela Nininha !!! Acredito muito que o melhor é sempre que as vontades da mãe sejam respeitadas, sempre quando possíveis,pois nem sempre temos controle sobre nossas escolhas, e fatos da vida …Não é a forma de parto que definirá uma boa mãe… o importante é garantir que seja feito sempre o melhor possível em cada situação…Curtam muito esse momento!!!
Jana
9 de dezembro de 2014 @ 01:30
Lindo depoimento Helô !!!!! Ela é linda demais !!!! Vcs são lindos demais !!!! MUITO AMOR PRA VCS !!!! ❤️❤️❤️❤️❤️
Vivian C. Barrichello
9 de dezembro de 2014 @ 09:05
Estou de 36 semanas e foi muito bom poder ler o que vc acaba de escrever, tb estou com essa preocupação enorme e na reta final isso me deixa cada dia mais ansiosa!!! Sua conclusão sobre parto humanizado foi perfeita!!! Obrigada!!! Bjo
Andrea
9 de dezembro de 2014 @ 12:49
Olá Heloisa! Parabéns pela família linda! Que Deus te ilumine nessa jornada maravilhosa que é ser mãe. Também acredito que o parto humanizado é melhor para todos os envolvidos, mas assim como você disse, acredito também que não é o único momento “humanizado” na relação mãe-bebê. Existem todos os outros momentos na vida e na criação dos filhos que nos dão a oportunidade de sermos amorosos e respeitadores da condição humana. E infelizmente na nossa sociedade ainda temos que lidar com problemas infinitamente maiores que uma cesárea, ter que deixar um bebê de 4 meses numa creche ao meu ver não é nada humanizado, mas a sociedade tem muita dificuldade de discutir sobre isso. Desejo para vocês muito amor e iluminação da criação da Mariana. Seja Bem Vinda!!!
Priscila
11 de dezembro de 2014 @ 13:47
Oi Heloisa! Te acompanho há algum tempo no instagram, admiro muito sua forma de ver a vida! Eu, como pessoa, gestante (22 semanas) e também médica nunca vi uma descrição tão linda de parto humanizado!! Muita saúde e luz pra você e sua linda família.
Jane Rose
14 de dezembro de 2014 @ 22:46
Meus Deus, que alegria isso tudo viu!!!
Vc foi um dos meus primeiros contatos com o otimismo pós-diagnóstico de câncer e te ver assim tão bem e tão feliz é de deixar qualquer um que já passou pelo câncer, transbordar de tanta felicidade.
Deus abençoe infinitamente vcs. Sua filhota é linda!!!
nete
15 de dezembro de 2014 @ 16:37
Feliz com sua vitória, Heloisa linda! Vc foi e é inspiração pra que eu supere de maneira tranquila meu tratamento. Vendo vc com sua princesa no colo, é tb uma enorme felicidade pra mim. Guerreira e determinada! Merece toda essa felicidade. Parabéns!!!
Nana
16 de dezembro de 2014 @ 12:57
Como passou rápido!
Parabéns e que Deus abençoe a família!
Bj e fk c Deus.
Nana
http://procurandoamigosvirtuais.blogpost.com.br
Leíria
15 de fevereiro de 2015 @ 02:20
Querida Helô…não pude deixar de comentar tamanha felicidade ao retomar a olhar teu Blog…e tive um sentimento tão bom, de retomar muitas outras coisas em mim!!! Quando li…sobre sua gravidez, a pequena luz que veio ao seu mundo pra mostrar o sentido real da vida nesta terra! Parabéns…muita luz na linda jornada de ser mãe! Beijos