As escolhas e as renúncias
Por que será que às vezes é tão difícil fazer escolhas? Todo tipo de escolhas envolve renúncia, desde as mais simples como escolher o que comer ou acordar mais cedo para tomar um café da manhã mais demorado até casar, ter filhos, mudar de emprego… Hoje, temos um mundo cheio de diversidade, o que acabou tornando uma ida ao supermercado um evento muitas vezes estressante e complexo. Antes, o leite era só leite. Aí veio o desnatado e o semi-desnatado. E daí para frente, vejam só, temos: leite magro, desnatado, light, semi-desnatado, leite de cabra, de búfala, além dos “pseudo-leites” de arroz, amêndoa, aveia, milho… Qual é melhor? Para quem gosta de procurar informações, a busca é longa! Os artigos e pesquisas são muitos, cada um falando uma coisa. E isso gera uma certa ansiedade. Quem nunca se pegou ansioso diante daquela prateleira lotada com tantas opções, ou diante daquele buffet enorme de um restaurante self-service?
O exemplo do leite é um entre os milhares que vivemos hoje em dia. Quando se trata de decisões mais complexas, como casar, ter filhos, mudar de emprego ou de cidade, esse sentimento de ansiedade pode durar meses, tirar o sono e a tranquilidade. Porque, sempre que fizermos uma escolha, deixaremos de aproveitar muitas coisas boas da outra opção. Se não fosse assim, não seria difícil escolher! Ter filhos é uma delícia, mas tira noites de sono e aqueles dias sem preocupação, de dolce far niente. Tudo na sua vida passa a ser regido por aquele serzinho que domina a sua vida, no bom sentido e no não tão bom assim. Suas viagens não serão mais quando te der na telha, os horários também não serão mais determinados por você. Para algumas pessoas, tudo isso pode ser super tranquilo, enquanto para outras não. E é por isso tem muita gente hoje adiando essa decisão e mesmo optando por não ter filhos. Mudar de emprego também pode ser um dilema bem grande. Se está tudo relativamente bem no seu emprego atual, mas você recebe uma outra proposta, vai ter que pesar salário, qualidade de vida, possibilidade de crescimento, ambiente da equipe, descrição das atividades do dia a dia, status, segurança, estabilidade… Se tudo isso for melhor em um lugar, é muito fácil decidir. Mas, normalmente, a balança fica mais ou menos estável, com alguns prós e alguns contras. E então, não tem nada que possamos fazer? Claro que sim! Em primeiro lugar, confiar em Deus e no Universo é um bom começo. Mas como saber se aquela vozinha na sua cabeça é medo ou intuição? Como saber se as coisas que acontecem são sinais ou simplesmente coisas que acontecem? Como saber se a sua persistência e determinação não estão sendo, na verdade, teimosia, ignorando que os obstáculos podem estar mostrando que deveria ir por outro caminho? Minha mãe sempre diz: “faça como se tudo dependesse de ti, confia como se tudo dependesse de Deus”. E como saber se já fiz tudo que estava ao meu alcance e quando é hora de simplesmente confiar e deixar nas mãos Dele?
Na minha vida, muitas vezes fiquei ansiosa com decisões importantes. Por exemplo, quando passei em um vestibular bem concorrido para Relações Públicas na USP e, depois de cursar um mês, percebi que não era aquilo que eu queria. Conversei com os meus pais e eles me deram total apoio para pensar melhor no que eu queria e mudar. Mas eu fiquei muito insegura: como ia jogar aquilo tudo para o alto? E como ia decidir o que fazer dali para frente? Bom, até hoje eu não tenho essa certeza, mas lembro como se fosse hoje do meu pai me dizendo: “não tema, segue adiante e não olhe para trás”. E quem conhece, sabe que a música continua: “segura na mão de Deus e vai… pois ela, ela te sustentará”. Em primeiro lugar, precisamos confiar que existe um plano maior e alguém sustentando nossas decisões quando elas são tomadas por amor e com amor. E, para isso, precisamos tomar as decisões por amor e com amor. O que isso significa? Significa que sabemos tão bem quais são nossos valores que nossas decisões estarão alinhadas com eles e não com o nosso ego ou com o nosso medo – a necessidade de agradar a todos, algo sabidamente impossível. Se o que eu quero é ter uma vida mais tranquila no interior, não adianta aceitar aquele emprego que dá muito mais status e fica numa grande capital. E, se eu quero e gosto de status, qual o problema? Melhor aceitar a proposta da capital. É preciso se apoiar nos próprios gostos e decisões, sabendo que nada é melhor ou pior, mas simplesmente diferente. Na minha opinião, sempre vai haver pessoas que gostam de coisas mais luxuosas e de mais liberdade financeira do que outras, pessoas que precisam dessa segurança. E não existe nada de errado nisso, contanto que elas se aceitem dessa forma e não prejudiquem ninguém com isso, mas simplesmente “corram atrás” do dinheiro com mais energia do que outras pessoas e saibam que o dinheiro deve servir seus objetivos e não o contrário. O dinheiro é uma energia maravilhosa, se usado do jeito certo! A mesma coisa com as pessoas que, conscientemente e verdadeiramente gostam mais da liberdade e da solidão do que das obrigações que traz uma família. Porque, a princípio, podemos pensar romanticamente que quem se casa é porque optou pelo amor ao invés da “solidão egoísta”, mas existem milhares de pessoas que casam por egoísmo e medo da solidão e muitas pessoas que permanecem solteiras por amor. E, para entender tudo isso, é fundamental ter uma conexão muito grande com o nosso guia interior, com o Deus que está no nosso coração. É fundamental que esse gosto por liberdade, por exemplo, seja realmente gosto por liberdade e não medo dos compromissos pura e simplesmente. Sabendo quem somos de verdade, tomar decisões vai se tornando mais e mais fácil e assim também confiar em Deus. Porque sabemos que, se nossa decisão foi tomada pela pura consciência da nossa verdade, Ele vai nos apoiar. Os caminhos para isso são muitos: meditar, rezar, orar, fazer terapia, yoga, praticar esportes, escrever…. todas as coisas que nos aproximam da nossa voz interior, aquela que nos deixa com um sentimento bom de certeza, sem medo, sem ansiedade. Quando ouvimos essa voz, podemos escrever num caderninho quais foram os pensamentos que levaram àquela sensação de paz, tranquilidade e alegria. Assim, vamos conhecendo nossos propósitos e alinhando nossas ações com os nossos valores. Se agimos diferente disso, estamos nos enganando. Se estamos indo para outro caminho que não o da nossa verdade, estamos magoando não só nós mesmos como as pessoas ao nosso redor que fazem parte dos nossos planos. Por isso, quando terminamos uma aula de yoga, dizemos “SAT NAM”, que significa “eu sou verdade”. Esse é o desafio para essa semana: ouvir nossa voz interior e saber melhor qual é a nossa verdade, para que nossas decisões sejam tomadas com amor e por amor ao invés de medo.
SAT NAM!
Liliana
26 de agosto de 2013 @ 23:53
Olá Heloisa,
Tudo bem?
Ano passado tive um CA de mama e assim como vc tive q fazer QT.
Graças as Deus estou ótima!
Hj o meu cabelo já está crescendo, porém super rebelde…rs. Vi q vc fez um alisamento no seu. Gostaria de saber, se possível, qual o nome do alisamento q vc usou.
O seu cabelo ficou lindo.
Obrigada pela atenção.
Bjs, Liliana
Caio
27 de agosto de 2013 @ 03:00
Economista manja do assunto! Rsrs
Bjos
Paula
27 de agosto de 2013 @ 17:52
Oi Heloisa, adorei o texto, eles são sempre uma injeção de ânimo para mim! Abraços.
Mara
29 de agosto de 2013 @ 02:15
Heloísa,
Já tem um pouco mais de um ano que “frequento” seu blog, mas acho que nunca comentei… não tem ideia da nossa sintonia! É eu pensar em algo, ou estar passando por alguma situação é chegar no blog vc escreveu sobre o assunto! rsrs…Quero t parabenizar, você escreve muito bem e assuntos muito interessantes, de uma forma simples e inteligente! Não acabe com o blog, please!
Abraço,
Mara
Karla Andrade Savoi
30 de agosto de 2013 @ 14:35
O texto fala realmente das decisões que tomamos e depois arrependemos e voltamos atras, já tomei muitas decisões erradas e algumas por tentar acertar não deu certo, mas hoje escuto muito Deus e sei que ele vai me dá o caminho certo. Adorei o assunto é a conexão que sinto hoje com Deus, no momento estou passando por muitas tribulações, mas vai melhorar
Renata Câmara
31 de agosto de 2013 @ 00:19
Belo texto e muito impactante! Já li alguns textos na revista impressa
e a primeira vez que leio aqui, adorei!
claudia
1 de setembro de 2013 @ 15:04
Adorei a mensagem…Postei no meu perfil no face, não esqueci de creditar a você a autoria!
Abçs,
claudia peixoto
Josie Ribeiro
9 de setembro de 2013 @ 01:32
Oi Heloísa… Comecei a seguir o seu blog agora, acabo de saber que estou com um tumor no intestino, estou cheia de dúvida….gostaria de saber como foi os primeiro dias após o descobrimento da doença? Quem me falou de vc foi a Maria Carolina Pedrosa…realmente no momento estou precisando de muita ajuda, minha cabeça está a mil!Bjs
Heloisa Orsolini
22 de setembro de 2013 @ 16:19
Oi Josie! A Maria Carolina já me falou de vc! Trocamos emails, fique à vontade para me escrever. Sobre os dias após o descobrimento, por favor dá uma olhada lá no comecinho do blog e no vídeo da revista Cláudia! Bjsss