O controle e o desapego
Estou escrevendo regularmente textos de yoga e saúde para uma revista que no Brasil ainda é só digital, chamada FOCUS LIFE (http://www.playtac.com/pt/news-O-controle-e-o-desapego/64). O último texto foi sobre o controle e o desapego. Aqui vai!!!
“Uma das coisas que mais ouvi desde que comecei a ser praticante de yoga, há 13 anos, é que devemos praticar o desapego se quisermos realmente ser felizes. Como Yoga é união corpo-mente-espírito, aprendemos muito sobre nós mesmos nas aulas, sobre como podemos nos relacionar melhor com o nosso corpo, com a nossa mente e com o nosso espírito com o objetivo de alcançarmos o bem-estar, a felicidade, o “êxtase”. Como o Yoga vem do Oriente, muitos dos recursos utilizados para nos trazer todo esse conhecimento vem das religiões e ensinamentos orientais. Inclusive, é por isso que se dá a confusão entre Yoga e religião, especialmente as religiões orientais como o Budismo.
Buddha disse que a principal causa do sofrimento humano é o apego. Nos apegamos aos nossos desejos, às nossas crenças, valores, vontades, aversões, tristezas, dores, aos nossos bens materiais, aos nossos relacionamentos, aos nossos trabalhos… Nos apegamos a ponto de pensarmos que não somos nada sem tudo isso. Na religião Católica, também se diz que devemos confiar em Deus, abandonar nossos problemas nas mãos Dele e, assim, poderemos ser felizes. E lembro aqui de um livro que li do Eckhart Tolle, “O Despertar de uma nova Consciência”, onde ele conta um pouco da sua história… Ele disse que um dia, tomado por uma depressão profunda, acordou dominado pelo pensamento (e vontade) da morte, para não mais ter que lidar com a sua vida, que considerava horrível, sem graça e sem sentido. Então, ele pensou: “não aguento mais conviver comigo mesmo”. Nesse momento, ele teve uma iluminação profunda: quem era o “eu” que não aguentava mais viver com “ele mesmo”? Como assim? Havia dois “eus”? E ele entendeu que o primeiro “eu” era o seu eu verdadeiro, a consciência por trás dele mesmo e que, na verdade, isso era ele. O resto eram apegos e ilusões mundanas, apegos ao que ele acreditava querer, ao que ele acreditava precisar ter para ser feliz e que, no momento, não tinha. Entendendo que ele era a consciência e não os apegos, foi tomado por um sentimento de liberdade suprema e sua vida tomou novos rumos. Ele era dono de si, da sua vida e da sua felicidade. Ele mesmo estava criando as barreiras que o impediam de ser feliz! Querer ser famoso, bem-sucedido, ter amigos, uma barriga tanquinho ou qualquer outra coisa assumindo que só assim terá felicidade trata-se de apego e esse apego nos torna infelizes, frustrados.
Não estou aqui dizendo que é errado querer qualquer uma dessas coisas, afinal, quem não quer? Só estou dizendo que atrelar sua felicidade a isso é insano e com certeza não permite uma felicidade suprema, uma vez que sempre vai ter alguém que tem mais amigos, mais dinheiro, uma barriga mais chapada, roupas mais bonitas e por aí vai. Quando entendermos que nossa felicidade depende do nosso desapego, da falta de necessidade de controlar todos os fatores ao nosso redor, é justamente aí que podemos ser felizes e completos. E a contradição é que é quando abrimos mão do controle que podemos controlar e ter a tão sonhada felicidade: quando abrimos mão da necessidade de controle sobre todos os fatores que podem influenciar nosso estado de espírito, permitimos que Deus entre e tome o seu espaço; permitimos que o Universo mostre o caminho…
É através da falta de necessidade de controle que podemos ser guiados pelo Divino que existe em nós. Ele está lá, em cada um, esperando uma brecha para se manifestar, para nos mostrar o caminho, mas normalmente estamos muito ocupados tentando encontrar esse caminho com a nossa mente, com o nosso presumido bom senso e sabedoria. É só quando nos rendemos ao não-controle que permitimos que o divino se manifeste e mostre o caminho, a verdade, a vida sem limites, sem barreiras, sem entraves. A sensação de liberdade, de contentamento, de energia, de estar onde se deveria estar quando se permite que algo maior nos guie é algo indescritível, é o sentimento supremo de amor, ao contrário do que sentimos quando nos apegamos, quando estamos querendo controlar, quando estamos querendo definir… Se quisermos controlar o caminho da felicidade, a estrada mais curta é abrirmos um pouco mão do controle, do apego, por pelo menos 15 minutinhos diários durante a nossa meditação… Vamos tentar?”
Adri Iász
26 de março de 2013 @ 01:53
Helô,
que lindas e sábias palavras! Adorei! Além do desapego, creio que aceitação também é uma grande ferramenta facilitadora para alcançar a felicidade madura, não é? Acompanharei tua coluna, com certeza!
Beijos,
Adri Iász
Ana Margarete
27 de março de 2013 @ 10:07
Olá Heloísa! tudo bem?
Falei com você uma vez perguntando sobre um lenço, lembra?
Bom, ainda acompanho seu blog todos os dias e estou adorando suas dicas saudáveis!
Eu ainda estou em tratamento, tenho um linfoma, faltam duas quimios e algumas sessões de radioterapia…
Queria tirar uma dúvida, quanto tempo depois que você terminou a quimio você deixou de usar os lenços? Ou melhor, quanto tempo levou para seu cabelo crescer e ficar tipo daqueles rapazes militares, que cortam o cabelo bem baixinho, sabe?
Agradeço sua atenção!
Ana Margarete
Andrea
2 de abril de 2013 @ 23:51
Nossa Helo, que lindo! Sabe, hoje mesmo assisti a um video que falava sobre isso; um video de um chines, alguem muito especial. Acredito que desapego acontece quando abrimos nosso coracao para o mundo, para o outro, quando estendemos nossa mao ao proximo. E ai entendemos o milagre da Bencao!Ha dias nao passava aqui pelo blog; esta lindo, as fotos estao o maximo! Claro que tb li tudo e adorei!!! bjssss, AndreaJ
Talita
8 de abril de 2013 @ 23:47
Lindas palavras!
Emanuelle
4 de junho de 2014 @ 20:32
Obrigada! Tudo que eu precisava ler no momento que estou passando…. você me ajudou muito, Bjus