O nascimento
Como no último post falei de mudanças e estou acompanhando de perto muitas grávidas e novas mães, acho que tenho algumas coisas a dizer… Afinal, o que é um nascimento senão uma drástica e fantástica mudança? A mãe passa por uma transformação física, mental, emocional e até espiritual. O pai, em outros níveis, também. O relacionamento dos dois nunca mais será o mesmo, assim como a vida de toda a família.
A gravidez em si é uma das transformações mais fantásticas que presenciamos. Uma coisa tão animal num mundo cada vez mais tecnológico. Algo que vai acontecendo independente do que fazemos ou deixamos de fazer, sobre a qual não temos controle: depois que o óvulo foi fecundado, a natureza toma conta. Vivemos num mundo em que cronometramos tudo, agendamos, reprogramamos, planejamos… A gravidez mostra que não mandamos em muita coisa. O corpo vai mudando e junto com o crescimento do bebê vai nascendo uma mãe. Na minha concepção, o nascimento do pai é mais forte depois do parto, enquanto o da mãe já é muito forte durante a gravidez. Homens, não fiquem bravos comigo, é só olhar o corpo de uma mulher grávida!!! Impossível não dizer que somos nós que sofremos as maiores mudanças desde o início. A barriga cresce, o quadril alarga, o peito aumenta… Meu Deus, como a natureza faz tudo isso sozinha? Sempre achamos que temos que fazer tudo mas, nesse caso, é só fazermos o básico (comer bem, dormir bem, estar feliz – o que deveria ser o normal) que a natureza cuida do resto. E o que era uma célula invisível a olho nu de repente se transforma em um bebê, que depois vai se transformar no que somos hoje, adultos cheios de histórias para contar…
Outro dia estava conversando com uma amiga muito querida que é defensora ferrenha do parto normal (natural). Ela disse uma coisa que achei muito interessante: que o processo de trabalho de parto, mesmo dolorido, faz parte da transformação, ou seja, naquele momento está nascendo também uma mãe. Confesso que achei essa “explicação” fantástica e linda. Tem a ver com o que disse no outro post sobre as mudanças: toda transformação requer uma destruição, que muitas vezes, traz consigo alguma dor.
Também ouvi uma constatação incrível de uma pessoa: “confesso que sempre quis muito ser mãe, mas não me preparei tanto para o fato de que, depois de dar à luz, o bebê é SEMPRE prioridade e as necessidades dele vêm sempre antes das minhas”.
Todas essas mudanças implicam a mudança no relacionamento do casal. O amor se transforma (ou deveria) num amor mais maduro e consistente. Duas pessoas que além das conquistas corriqueiras do dia a dia obtiveram a conquista maior: gerar uma vida, uma misturinha dos genes, um pouco de cada, de onde podem sair conquistas para a humanidade, descobertas incríveis, gênios, artistas ou “simplesmente” – não menos importante – pessoas incríveis, interessantes, bondosas, cheias de amor, espalhando luz pelo mundo. O que seria maior?
Muitas coisas aconteceram por esses dias que me fizeram refletir muito sobre gerar uma vida. Parece que sinto um certo movimento de mulheres achando a gravidez uma coisa “não natural”, brutal, sofrida e, por fim, desnecessária – ou estritamente necessária (!) ao invés de linda (“mal necessário”). Claro que muitas vezes a gravidez traz alguns problemas e desconfortos, óbvio que não nego isso. Importante dizer que esse texto não é uma crítica, mas uma reflexão. Houve uma grande mudança de valores na sociedade. Hoje a mulher é valorizada pelo seu papel no trabalho, pela renda que gera, pelo poder de decisão nas famílias e no mercado de trabalho. Em muitos casos, o tempo requerido para se transformar em mãe obriga a uma pausa mal vista e não desejada. Como vai ficar o trabalho? Como vai ficar o relacionamento com o marido? E vamos deixando para depois, inclusive a reflexão. As mulheres estão tendo filhos cada vez mais tarde (mesmo sabendo que a fertilidade cai depois dos 30 e ainda mais depois dos 35). O que já foi responsável por tornar a mulher um ser até mítico, por gerar dentro de si uma vida, hoje pode ser visto como um contratempo. Claro, não estaremos mais em primeiro lugar e aquela frase que nos martelou desde cedo, “você tem que ser feliz sem se importar com o que os outros pensam ou querem” vai ser colocada à prova. Você não será mais o centro do universo. Há alguns anos, era bem visto que colocássemos a felicidade dos outros como prioridade, que nos preocupássemos com os anseios do próximo. Hoje vivemos num mundo competitivo em que temos que pensar no nosso bem primeiro se quisermos sobreviver. Os benefícios dessas mudanças todas são muito importantes: a mulher passou a ser mais ouvida, reconhecida e valorizada mas, vejam que louco, o poder de gerar uma vida não é mais o mais importante para a sociedade. Pelo contrário: o mundo está super povoado e o controle de natalidade é fundamental. Antigamente, a mulher ficava em casa amamentando durante todo o período que o bebê precisasse. Hoje, ela se sente culpada por não estar “trabalhando”, “produzindo” – apesar de nunca ter trabalhado tanto de madrugada, sem ganhar hora extra, e de nunca ter produzido tanto leite rsrsrsrs.
De novo, com esse texto não pretendo trazer uma resposta, mas uma reflexão sobre os valores em que estamos nos pautando. Sou a favor da consciência e acho que tudo que é feito conscientemente é válido. Se a pessoa realmente acreditar que ter filhos não é algo que queira, não critico. Mas acho que é importante que todos pensem porque motivo estão fazendo essa escolha, já que pode ser tarde para se arrepender depois. Se a pessoa conscientemente acreditar que o seu trabalho, a vida descompromissada que tem com o marido, a falta de vontade de deixar de usar seu dinheiro só para si mesma falam mais alto para ela, ótimo. Falo desses motivos porque é o que escuto por aí. Só convido as pessoas a pensarem nesses “motivos”. Por que será que virou tão difícil colocarmos a nossa “felicidade” – ou o que acreditamos que ela seja – em segundo plano? Na verdade, acredito que isso seja na verdade bem libertador: saber que trouxe vida ao mundo e ver felicidade dessa vida pode trazer uma felicidade que talvez nunca encontrássemos sozinhas…
Linda foto da Mafê com o seu Rafinha, cercada pelas queridas Larissa e Letícia. Amo vocês!!! 😉
Patrícia
24 de novembro de 2012 @ 00:51
Oi Helô…lindo texto, não costumo comentar, mas vejo seu blog sempre. Linda reflexão. Há uns meses atrás te contei minha história…enviei um email falando sobre o câncer, processo da prefeitua, endometriose…das lutas… e pouco tempo depois uma grande e boa surpresa… estou grávida. E foi muita surpresa mesmo, com tantos imprevistos que passei já devia ter entendido que não controlamos tudo, ledo engano, achar que a profsiaaõ, o trabalho, a rotina…está tudo em nossas mãos, e sinceramente não imaginei, até queria muito, mas nesse momento estava realizando outras coisas e por conta das vivência que tive, tinha um certo receio e consciência que a gravidez seria lago talvez difícil. E mais uma vez fui abençoada estou agora gerando uma vida com todo meu amor e disponibilidade tenho muitos projetos para vida…mais sem dúvida esse é o maior, melhor e mais importante. Ser mãe é algo mágico diariamente sinto meu amor aumentar junto com a ansiedade de conhecer meu filho, o melhor presente que Deus podia me dar. E tantos sonhos, projetos, planos hoje resume-se apenas 2 que meu filho seja saúdavel e feliz e que eu possa estar com ele. Bjs Patrícia
Ma Sordi
24 de novembro de 2012 @ 10:17
Nono, que coisa mais linda!
Como você conseguiu entender tudo isso assim, só observando e conversando com as pessoas?? rs
Eu simplesmente não consigo explicar o quanto é mágico o que estou sentindo gerando a Helena… Além de ser um “serzinho em crescimento” dentro de mim, será uma pessoinha que vou amar pra sempre! Será minha filha, companheira, amiga! É um momento único e (no meu ponto de vista) o mais especial de toda a minha vida… Isso pq nem nasceu ainda kkkkk
Imagina na hora que vier ao mundo… aja coração!!!!
Bjao grande e obrigada por fazer parte da minha vida e da Helena tb
eliane
24 de novembro de 2012 @ 13:55
Oi Helo,
Geralmente eu nao comento, mas como eu sou mae, eu resolvi comentar nesse post. E, verdade, as mulheres mudaram, as prioridades passaram a ser outra, e ser mae, e a melhor coisa do mundo e nao e pra todo mundo. Ser mae e um sentimento INEXPLICAVEL. Vc tira forcas q vc nao sabe da onde, pra cuidar, e protejer seu filho. Eu tive o Gabriel (nome do meu filho) de parto normal tambem. Normal SEM NENHUM MEDICAMENTO. Foi rapido, foram 3 horas de dor intensa, eu chorei demais, mas faria TUDO DE NOVO. NAO TEM PRECO. SER MAE, foi a melhor coisa q aconteceu na minha vida! Eu e meu marido amadurecemos, estamos numa outra etapa no nosso casamento, e pela minha experiencia ta td muito melhor q antes do Gabriel nascer. Antes do Gabriel nascer, a gente sempre tinha tempo, faziamos tudo juntos, agora, nao! Nosso relacionamento, o casamento ta muito melhor que antes. Como vc falou, o tempo q nos temos sozinhos e raro, mas quando acontece e precioso valioso pra nos. A rotina e outra, cada dia diferente pois depende do Gabriel, mas com certeza ele passou a ser prioridade em tudo, e nos estamos dispostos a qualquer coisa pra fazer ele feliz, pra dar uma boa educacao, saude e oportunidade pra ele no futuro.
Agora, eu e meu marido fazemos de td pra passarmos tempo com o Gabriel, e se nos pudermos nos manter financeiramente comigo em casa, nos faremos isso. Pra nos e importante poder dar td de bom e do melhor pro Gabriel, mas tambem e muito importante ele ter um pai e uma mae presente.
Mas infelismente, no Brazil a realidade e outra, sou poucos os pais que podem dar td de melhor pros filhos com a mae em casa. E muito dificil. Eu fui sortuda, pois eu tive minha mae o tempo todo em casa cuidadndo de mim e dos meus irmaos, mas hj e td diferente. E como hj casamento tbem nao significa muito pra muitas pessoas, eu acho ate melhor eles nao terem filhos pq os unicos q sofrem mesmo com a separacao serao eles. E outra, tantas familias se desfazendo, tanta noticia ruim, e eu penso muito se eu quero ter um segundo filho. Eu ate gostaria, mas as vezes eu penso q eu vou ser muito egoista em trazer mais uma crianca pra um mundo tao ruim e cruel como esse em que estamos vivendo. Sao pais esquecendo filhos dentro do carro, namorado com ciumes que joga o filho da namorada da ponte, sao pais que espancam seus filhos, pessoas ruins , babas em fim que maltratam criancas na creche… e tanta crueldade, maldade que eu choro so de pensar, q um ser humano e capaz de tanta crueldade com um ser tao puro e inocente. Teve uma mae q largou o filho no carro por 24 horas a crianca infelismente faleceu, eu tenho pesadelos ate hj por causa disso. Eu choro, eu fico triste, me parte o coracao. Tanta negligencia dos pais, especialmente no brasil. E muito triste. E como eu nao sei quanto tempo mais, Deus vai permitir que eu cuide do Gabriel, (eu tenho muita saude, mas o futuro a Deus pertence), eu nao sei se eu quero trazer uma crianca ao mundo, mais uma, com tanta crueldade, e tantas outras criancas precisando de uma familia, um lar, alguem pra cuidar e dar amor. Eu sinceramente penso em adotar, pq tem muitas criancas carentes e sozinhas por ai. Essa semana, eu vi um pai nos EUA q trancou a filha na gaiola por dias e deixou a bebe como coco e sem comida. Eu choro demais, me entristece demais essas coisas. Q Deus tenha misericordia dessas criancas. Quando eu vejo isso, eu penso que e melhor mesmo q as pessoasl nao tenha mais filhos. Muita maldade e crueldade nesse mundo.
Beijos querida! Deus te abencoe!!
Eliane
Maria Thelma Orsolini
24 de novembro de 2012 @ 18:16
Oi queridas. Que saudade de voces. Adorei a foto! Linda!!!!! Amanha estaremos aí.
Bjos a todas .
Maria Thelma Orsolini
24 de novembro de 2012 @ 18:26
Querida filhota, como vi a foto antes de ler o texpo, aqui vai meu comentário sobre o que voce escreveu, refletiu… Acho maravilhoso perceber a sua lucidez, o seu amadurecimento, a sua capacidade de reflexao,seus valores, seus admiráveis sentimentos.Penso que as pessoas PRECISAM refletir sobre tudo isso com muita responsabilidade e carinho. Emocionante!!!!! Amo voce. Parabéns.
Larissa
24 de novembro de 2012 @ 19:32
Adorei o q vc escreveu, e a foto…kkk
Sauades,
Beijos
Lala
Leila Chacon
25 de novembro de 2012 @ 21:01
Texto muito bonito e maduro.Tem razao sua mae de ter orgulho de vc.Tb sou mae (2 homens 33 e 32 anos).Sao meninos equilibrados,responsáveis que só me dão alegria e orgulho.Por eles trabalhei só meio período sacrificando a carreira mas nada a lamentar qdo vejo nos homens que se formaram.Posso dizer q ganhei mais duas filhas com a chegada das noras por quem tb sou apaixonada.Parabéns mais uma vez pelo texto.Vc é abençoada em tudo q escreve.Bjs Leila
Déia (nutri)
25 de novembro de 2012 @ 23:25
Poxa, o que escrever depois desse texto e de todos os comentários???
Bom, eu ainda não sou mãe e não posso dar meu depoimento sobre a maternidade, mas posso dizer sobre o pré-maternidade!!! rsrs
E é exatamente o que você descreveu, Helô… você também como uma “pré-mãe” e todas as outras mulheres vivem uma realidade difícil de conciliar trabalho x maternidade!!!
Eu, em particular, estou num momento de definições, decisões sobre o assunto… e posso dizer que estão sendo necessários meses de reflexões…
E para quem quiser uma dica que ajuda nessa hora, é conversar muito com as amigas que já são mamães e que viveram e vivem a mesma situação!!!
Tem me ajudado bastanta e me deixado cada vez mais animada!!! rsrs
Né Marina Sordi!?!? 🙂
Bjss
Mafe
27 de novembro de 2012 @ 21:53
Helo, que texto lindo!!! amei a foto tb rs
Nós estamos tão felizes com o nosso Rafinha, é um sonho realizado, uma alegria imensa. As noites mal dormidas, a falta de tempo, as duvidas, angustias, os chorinhos,..td isso é compensado qd olhamos a carinha linda do nosso filho. Ele mudou nossa vida! preparamos nossos corações para recebe-lo com mto amor, eu sabia que ele traria uma imensa alegria, mas não podia imaginar que seria tão encantador, que ele pudesse despertar em nós e em toda a nossa familia os melhores sentimentos! é realmente uma benção divina, uma emoção indescritivel!
Tb fico mto trsite de ver q atualmente, muitas pessoas priorizam o trabalho e deixam a familia em segundo plano, precisamos fazer a nossa parte para humanizar o mundo. Te adoro!!! beijoss